domingo, 23 de outubro de 2011

Livro: Com meus olhos de cão - Hilda Hilst

"Duração. Dura douro.
O ouro do teu nome
Na água que escorre.

De baixo das romãs
Toquei teu rosto.
Dormiste?"

"Assim é o que sinto
tentando materializar
na narrativa a convulsão
do meu espírito."

"Vem vindo o sol. Atraco-me
comigo, disparo uma luta.
Eu e meus alguéns esses dos
quais dizem que nada têm
a ver com a realidade. E é
somente isto que tenho: eu
e mais eu. Entendo nada. Meus
nadas, meus vômitos, existir e
nada compreender. Ter existido
e ter suspeitado de uma
iridescência*, um sol além
de todos os eus. Além de
todos os tu."






*Série de reflexos brilhantes, perceptíveis no arco-íris, na madrepérola, numa bola de sabão.

sábado, 15 de outubro de 2011

Perfil de um ser eleito - Clarice Lispector (trecho 2)

Tudo isso contraditoriamente, foi dando ao ser a alegria profunda que precisa se manifestar, expor-se e se comunicar. Passou a dar-se através da pintura. Nessa comunicação o ser era ajudado pelo seu dom inato de gostar. E isso nem juntara nem escolhera, um um dom mesmo. Gostava da profunda alegria dos outros, pelo dom inato descobria a alegria dos outros. Por dom, era também capaz de descobrir a solidão que os outros tinham. E também por dom, sabia profundamente brincar o jogo da vida, transformando-a em cores e formas. Sem mesmo sentir que usava o seu dom, o ser se manifestava: dava sem perceber, amava sem perceber que a isso chamavam amor. O dom era como a falta de camisa do homem feliz : como o ser se sentia muito pobre e não tinha o que dar, o ser se dava. Dava-se em silêncio, e dava o que juntara de si, assim como quem chama os outros para verem também.

Perfil de um ser eleito - Clarice Lispector (trecho 1)

(...)
era com o grande perigo que o ser, embora com medo, ficava: Só para sopesar com susto o peso das coisas. Afastava de si as verdades menores que terminou por não chegar a conhecer: queria as verdades difíceis de suportar. Por ignorar as verdades menores, o ser já começava a parecer aos outros como rodeado de mistério: por ser ignorante, era um ser misterioso.
Tornara-se uma mistura do que pensavam dele e do que ele realmente era: um sabido ignorante; um sábio ingênuo; um esquecido que muito bem sabia de outras coisas; um sonso honesto; um pensativo distraído; um nostálgico sobre o que deixara de saber; um saudoso pelo que definitivamente, ao escolher, perdera; um corajoso por já ser tarde demais e já se ter escolhido. Tudo isso, contraditoriamente, deu ao ser uma alegria discreta e saia de camponês que só lida com o básico. E tudo isso lhe deu a austeridade involuntária que todo trabalho vital dá. Escolha e ajustamento não tinham hora certa de começar nem acabar, duravam mesmo o tempo de uma vida.


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sempre estive fortemente ligada ao que não é meu!
Gosto de pessoas, filmes, livros e etc que falem sobre o que eu não vivi, claro que isso é muita coisa mas não acho natural viver só uma vida!
Tem várias coisas que não faria, situações de que sairia correndo, não saberia e se soubesse de vários lugares não entraria!
A graça está ai, mesmo que de mentira, mesmo que de longe eu estou ali e vivo aquilo, não consigo fugir disso e pra falar a verdade nem quero.

Trainspotting, drogas, drogas e sexo



"Escolha uma vida,
escolha um emprego,
escolha uma família,
uma carreira,
uma televisão bem grande,
máquina de lavar,
carros,cd player ,
abridor de lata elétrico...
por que eu ia querer isso? preferir não ter uma vida, preferir ter outra coisa! E os motivos? Não há motivos, pra quê motivos se você tem heroína?"



Ótimo filme, muito bom pra quem também gosta desses
filmes que falam sobre o mundo das drogas!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Rap Grego

Rap em Francês

Xico Sá e a liberdade na vida!

Se hoje em dia se as pessoas me acham chatas, ou não me conheciam, ou não lembram de mim antes!
Era completamente chata!
Hoje sei melhor cuidar das pessoas que amo e conversar sobre o que acho melhor pra elas, posso até fazer coisas erradas mas descobri o meio termo, não existe como proibir as pessoas de fazerem o que elas querem da vida delas!
Hoje lendo o Blog do Xico Sá encontrei de novo esse tema, Chico Buarque de saco cheio da turma do "pode não, quero não", e não só ele, Dona Maria, Seu Antônio, eu e você!
As pessoas não vão parar de fumar, álias elas fumam mais hoje em dia, fumam do meu lado, as vezes eu até sai pra 'ir fumar' pra não ficar sozinha na mesa.
Eu não vou parar de falar sozinha, nem de comer só o feijão da feijoada, não vou virar a noite e se virar vou ficar com sono, não vou ler nem assistir o que não quero e se o mundo acabar em ovo vou comer a galinha!
Eu só peço uma coisa, não jogue papel no chão!
Esse é meu problema grave, já xinguei muita gente de porco por isso!
Não vou apelar pro clássico "não fale da minha mãe" porque né?
Concluo no mesmo de Xico eu cuido do meu e você do seu e assim vamos indo!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Aline

Eu não me lembro muito bem de como era quando eu tinha meus 5,6 anos mas foi nessa época que eu a conheci. De vez em quando procuro nas minhas fotos de formatura do prézinho (é meu pai tem essa mania que foi passada geneticamente de tirar fotos) ela pra ver se me lembro de alguma memória mais viva da nossa infância.
Lembro que fiquei um ano longe na 1ª série mas no ano seguinte lá estava eu de novo!
Já constatei a muito que a Aline tem um memória melhor que a minha (e olha que a minha não é ruim), sempre ela lembra de histórias, me falou de uma vez que ela passou mal e eu fui a única a perceber.
Lá pela época da 7ª série ficamos muito amigas mesmo, mas me lembro com toda certeza da 8ª série, época em que vivemos as maiores doideras lá no Cedom, teve de tudo, cabular, fugir da polícia, álias devo dizer que quando quer a Aline corre muito rs
Ficamos um bom tempo sem se ver quando ela saiu de lá, fiquei muito triste com a notícia de que ela não ia estar no próximo ano.
Nós sempre tivemos nossas diferenças, eu capricorniana e ela pisciniana, diferentes temperamentos, mas ao mesmo tempo muito parecidas, me lembro que depois de muito tempo sem se ver marcamos de nos encontrarmos e lá estava o mesmo esmalte e o mesmo guarda chuva!



Esse ano estamos saindo muito juntas e isso é incrível, já fomos pra vários shows, comemos muuuuito (você e o Henrique não são boas companhias pra quem quer ficar magro), conhecemos lugares e demos muita risada.
O último lugar foi o show da Tulipa e eu me diverti muito e acredito que você também!
Espero a próxima seja tão agradável quanto!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

CAMINHO - Mario Quintana

Era um caminho que de tão velho, minha filha,
já nem mais sabia aonde ia...
Era um caminho
velhinho,
perdido...
Não havia traços
de passos no dia
em que por acaso o descobri:
pedras e urzes iam cobrindo tudo.
O caminho agonizava, morria
sozinho...
Eu vi...
Porque são os passos que fazem os caminhos!