segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sono


Tudo fica mais leve no escuro da casa. As escadas param de repente no ar ... Mas os anjos sonâmbulos continuam subindo os degraus trincados, atravessando os espelhos como se entrassem numa outra sala.
O sonho devora os sapatos, os pés da cama, o tempo.
Vovô resmunga qualquer coisa no fim do século passado.

Mário Quintana

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Foi um Momento


"Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.
Senti ou não ?

Não sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória
Fixa e corpórea
Onde pousaste
A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido.
Mas tão de leve!...

Tudo isto é nada,
Mas numa estrada
Como é a vida
Há muita coisa Incompreendida...

Sei eu se quando
A tua mão
Senti pousando
‘Sobre o meu braço,
E um pouco, um pouco,
No coração,
Não houve um ritmo
Novo no espaço?
Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.

Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz."

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Simplesmente eu, Clarice Lispector






Sábado 05/06
Era pra ser mais um sábado em casa quando de repente o telefone toca, é a Martha "então Mila, eu não vou poder ir na peça da Clarice hoje, os ingressos estão com a Jéssica e nós marcamos as 18hs , você quer ir?", claro que sim!
Beth Goulart, totalmente transformada, as vezes você jura, é a própria Clarice.
As fotos são lindas, o cenário super simples é lindo, os figurinos, o sorteio de livros no final também.
O material distribuído pelo Banco do Brasil está lindo!

"Este espetáculo é uma
declaração de amor a
Clarice, por tudo o que sua
literatura foi e continua
sendo dentro de mim.
Por todas as portas e
dimensões do caminho entre
a lucidez e o silêncio até
a morte sem medo"
Beth Goulart

Quem assistiu sabe, foi o melhor presente que poderia ganhar.

terça-feira, 1 de junho de 2010




"Supôs que ele queria ensinar-lhe a viver sem dor apenas, ele dissera uma vez que queria que ela, ao lhe perguntarem seu nome, não respondesse "Lóri" mas que pudesse responder "meu nome é eu", pois teu nome , dissera ele, é um eu"
Clarice Lispector